Muitos empreendedores “visionários” querem que seus aplicativos sejam únicos. Para oferecer uma experiência de usuário (UX) ou conceito completamente novo que deixará todos deslumbrados.

Mas apenas alguns raros podem criar interações radicalmente novas. O Tinder surgiu com o gesto de “deslizar”. Snapchat com o primeiro conceito de câmera, com conteúdo efêmero. O Google Maps, com a experiência de recomendações de lugares baseados em mapas, que se tornou uma inspiração para aplicativos de viagem, estilo de vida e mobilidade — como você pode ver abaixo.

"Grandes artistas roubam"
Ao fazer benchmarking sistêmico das melhores práticas para um projeto é comum se deparar com esta citação atribuída a Pablo Picasso: “Bons artistas copiam, grandes artistas roubam”.
De acordo com o Quote Investigator, na verdade foi Steve Jobs quem disse isso, citando incorretamente Pablo Picasso. A ideia é que a arte é se inspirar nas ideias de outros artistas.

Bons artistas copiam, mas não se destacam tanto porque seus trabalhos parecem iguais aos dos outros. Grandes artistas pegam um estilo existente de outro artista e o transformam em algo melhor, ou pelo menos diferente. Então, esse estilo se torna tão associado a eles que qualquer um acreditará que eles foram os criadores iniciais desse estilo.
Criar novos padrões é um negócio arriscado
Existem alguns problemas com o desejo absoluto de criar uma experiência de usuário completamente inovadora.
Os riscos de confundir os usuários são muito altos e esse tipo de confusão deve ser evitada a todo custo.
Jakob Nielsen, cofundador do Nielsen Norman Group, uma grande empresa americana de consultoria em experiência do usuário de internet. Afirma que "Os usuários passam a maior parte do tempo em outros sites. Isso significa que os usuários preferem que seu site funcione da mesma forma que todos os outros sites que eles já conhecem.”
De acordo com esta diretriz, é melhor manter os padrões de UI/UX existentes para fins de usabilidade: esta é basicamente a versão do mundo da Internet da citação de Picasso e Jobs.
É verdade que não favorece a criatividade. Mas ainda é possível encantar os usuários com microinterações e easter eggs (os melhores exemplos estão em LittleBigDetails).
No mundo atual apenas um punhado de gigantes da tecnologia como Google, Apple, Uber, Spotify realmente tem o poder e a influência para impor novos padrões de UI/UX. O risco de confundir os usuários é muito alto ao se criar um novo padrão do nada.
Até os gigantes da tecnologia falham, mas podem se dar ao luxo de fazê-lo. Mesmo os melhores podem falhar na introdução de novos padrões de UX.

Quando o Google implementou a nova experiência de compartilhamento do Google Docs. Toda a Internet ficou muito irritada com isso. Os usuários não estavam acostumados com o novo sistema de escala dupla “expandir/recolher”. Este não era um padrão usual para esse tipo de tarefa.
A Apple também deixou muitos de seus usuários irritados ao renovar o UX de seu despertador no iOS 14.

As pessoas às vezes ficam muito irritadas e até criam petições online para reverter as mudanças, mas é difícil de encontrar alguém que de fato pare de usar o Google Docs ou o iPhone por causa dessas atualizações de recursos.
Talvez as pessoas se acostumem com esses novos padrões, os aceitem e talvez um dia se apeguem a eles. Afinal, é o Google e a Apple, então eles podem se dar ao luxo de impor esses novos padrões.
Na pior das hipóteses, essas empresas lançam produtos que não conseguem impulsionar a adoção desses novos padrões. Assim como padrões incomuns de UX fizeram com que o Inbox App do Google falhasse, pois confunde os usuários, que por muitas vezes referiam-se ao aplicativo como um Gmail mais complicado. No fim das contas isso não é grande coisa para o Google. Mas para uma startup que pode apresentar um grande conceito em um mercado promissor, encerrar seus serviços como resultado de um UX incomum seria uma lástima.
Benchmarking não é copiar a concorrência
Fazer o benchmarking baseado e inspirado em outros produtos não significa copiar o design de um concorrente pixel por pixel, como o JioMeet fez com a interface principal do Zoom.

É verdade que o JioMeet provavelmente teve boas intenções ao fornecer aos usuários um ambiente familiar e, assim, facilitar a transição do Zoom. Mas essa cópia pixel por pixel resultou em uma reação nacional dos usuários na Índia, criticando o JioMeet por admitir publicamente o plágio.
Benchmarking não é reinventar a roda
A ideia do benchmarking é evitar perder tempo reinventando a roda pensando que seu problema é único. Cada vez que um designer está trabalhando em um novo recurso, há alguns princípios que eles desejam incutir em seus projetos.
No benchmarking, a ideia é, portanto, não se limitar ao seu próprio setor, mas pensar no princípio geral de UX que você está tentando aplicar ao projetar um recurso. Em seguida, procurar indústrias e produtos específicos onde esse princípio é especialmente bem alcançado.
Quais produtos avaliar?
Primeiro, deve-se criar uma lista dos melhores produtos do seu setor. A ideia não é roubar ideias estupidamente, mas identificar padrões que se tornaram quase que uma "lei" de UX. Por exemplo, se o objetivo do projeto é exibir os resultados em um mapa, será perceptível que todos os produtos de mobilidade/viagem apresentam sua interface de maneira semelhante. Pode valer a pena seguir para não confundir os usuários desse novo produto.
Em seguida os padrões semelhantes em outros setores também devem ser observados. Geralmente, essa é a melhor maneira de encontrar ideias criativas / fora da caixa sem ficar parecido demais com a concorrência direta.
Diretórios de benchmark podem economizar tempo
Em vez de procurar manualmente as páginas que interessam, o que exigirá muito tempo e esforço (criando contas, fazendo compras), agora existem alguns diretórios de benchmark realmente bons por aí. Eles vão lhe poupar muito tempo.
Mobbin.design, a referência para interfaces iOS.
Pageflows fala sobre SaaS e interfaces mobile, U$99/ano
Really Good Emails é uma boa referência para layouts de e-mails
SaaS Pages bom para landing pages de SaaS
SaaS: Software como serviço, do inglês Software as a Service, é uma forma de distribuição e comercialização de software. No modelo SaaS, o fornecedor do software se responsabiliza por toda a estrutura necessária à disponibilização do sistema, e o cliente utiliza o software via internet, pagando um valor pelo serviço.